Gilberto Freyre.
É
comum acreditar-se que a existência desse esporádico doce, está em fase de
extinção. É comum notar-se a despreocupação de um povo, quanto a sua cultura –
a sua tradição. A palavra Alfenim, vem do Árabe “al-fenid”, e significa aquilo
que é branco – alvo. Segundo Cascudo (1983), o Alfenim era uma das gulodices orientais, muito popular em
Portugal entre os séculos XV e XVI. É possível afirmar que o Alfenim faz parte
da culinária brasileira, porém remonta as origens árabes, assim como muitos
doces portugueses. Tal como o alfenim e o alfeolo - este com as variantes de
alfelô e aflô. Essas reminiscências árabes na doçaria portuguesa migraram para
o Brasil a partir da colonização.
Surgindo em Açores – Portugal, como os primeiros elementos mouriscos que ali se
fixaram, sendo sua divulgação facilitada com a produção de cana-de-açúcar. Em Angra do Heroísmo – ilhaTerceira, Açores –
o alfenim constitui atualmente uma das especialidades locais. Desarraigado da
sua origem, o alfenim esqueceu o espírito antizoomórfica da arte árabe, e a
branca massa de açúcar, dar-se lugar a lindas esculturas de animais, flores ou
frutos – moduladas por mulheres de mãos habilidosamente autodidatas –
oferecidas a pessoas distintas como oferta de luxo.
Dantas
(2008) o alfenim é um doce de açúcar branco, verdadeiras esculturas com motivos
regionais decorados com anilina, acepipes dulcíssimos e saboreados por todos. A
autora destaca o alfenim como um doce esporádico e complementa dizendo que são encontrados
em alguns engenhos no Oeste potiguar. O alfenim é um doce que chama atenção não
só por seu sabor, como também de como ele é feitos em formas de esculturas.
Eles são manipulados e transformados em animais, flores e objetos. O alfenim é
um doce curioso na história da alimentação, Cascudo (1983) um donatário da ilha
da madeira enviou a Roma, oferta humilde ao Sumo Pontífice, o Sacro Palácio
construído de alfenim com todos os Cardeais de alfenim.
Receita de Alfenim.
(FERNANDES,
Viagem Gastronômica Através do Brasil, 2000)
Ingredientes:
½ kg
de açúcar refinado;
1 ½
xícara de água
20
gotas de sumo de limão;
Polvilho
doce (goma);
1
tesourinha de bico virado (utensílio);
Modo de preparo:
1. Numa
panela pequena junte o açúcar, a água, e as gotas de sumo de limão. Misture bem
e leve ao fogo forte. Não mexa mais para não açucarar.
2. Numa
assadeira espalhe uma boa quantidade de polvilho.
3. Numa
panela grande ponha água e bastante gelo.
4. A
calda que está no fogo irá formar uma espuma que subirá até o alto da panela e
depois descerá, suavizando a fervura, tornando-se ligeiramente amarelada.
5. Com
uma colher de sopa, inclinada, tire um pouco da calda e deite na água gelada
para testar o ponto. Pegue a calda com a mão e amasse. O fio formado deverá
“triscar”, ficará quebradiço, estalando quando partido. Isso ocorrerá uns 25
minutos depois de iniciada a fervura da calda que em Goiânia é chamada de
melado.
6. Para
esfriar mais rapidamente, divida a calda por 4 vasilhas ou panelas pequenas e
deixe descansar uns 25 minutos, até esfriar e secar. Leve novamente ao fogo
apenas para se tornar maleável.
7. Tire
a calda de uma das vasilhas e comece a trabalhar puxando a massa com as duas
mãos, puxando aquela massa elástica, tornando a juntá-la, afastando novamente,
até ficar branca e ainda maleável. Como se estivesse puxando uma massa de bala
de coco.
8. Divida
em bolinhas do tamanho de uma noz, deposite as bolinhas sobre a assadeira
polvilhada. Comece então a formar as figuras desejadas, recorrendo à tesourinha
para ajudar a “esculpir”. Se a massa endurecer demais, umedeça ligeiramente os
dedos para que amacie um pouco. Cada vez que apanhar uma nova bolinha, puxe-a
novamente até que volte a ficar firme e maleável.
9. Vá
polvilhando as mãos e os dedos à medida que forem ficando melados e difíceis de
trabalhar. As caldas que ficam nas outras vasilhas ficam frias e firmes. Junte
½ colher (sopa) de água e leve ao fogo por uns 15 segundos apenas para que se
torne maleável.
10. Para
pintar os bichinhos use corante alimentício para bolo dissolvido em água
adoçada com açúcar cristal para ficar mais firme e não escorrer. Como pincel,
utilize um palito.
11. Leve
ao sol da manhã para secarem por 2 horas.
5 comentários:
Olá, sou artesã alfenim na ilha Terceira, Açores Portugal e adorei conhecer a versão brasileira desta receita.
Pode ver alguns dos meus trabalhos na página
alfenim.no.comunidades.net
Um bem haja!
Amei a postagem! Sabor de infância...
Eu quero muito dar continuação a esse doce maravilhoso que fez parte da minha infância já tentei fazer várias vezes mais nunca deu certo mais eu não dexito e eu vou conseguir bjs.
Eu quero muito dar continuação a esse doce maravilhoso que fez parte da minha infância já tentei fazer várias vezes mais nunca deu certo mais eu não dexito e eu vou conseguir bjs.
Para que serve o limão ?
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