quinta-feira, 31 de maio de 2012

A arte do fazer: Alfenim



















“Sem Açúcar não se compreende o homem do nordeste”.
Gilberto Freyre.

            É comum acreditar-se que a existência desse esporádico doce, está em fase de extinção. É comum notar-se a despreocupação de um povo, quanto a sua cultura – a sua tradição. A palavra Alfenim, vem do Árabe “al-fenid”, e significa aquilo que é branco – alvo. Segundo Cascudo (1983), o Alfenim era uma das gulodices orientais, muito popular em Portugal entre os séculos XV e XVI. É possível afirmar que o Alfenim faz parte da culinária brasileira, porém remonta as origens árabes, assim como muitos doces portugueses. Tal como o alfenim e o alfeolo -  este  com as variantes de alfelô e aflô. Essas reminiscências árabes na doçaria portuguesa migraram para o Brasil  a partir da colonização. Surgindo em Açores – Portugal, como os primeiros elementos mouriscos que ali se fixaram, sendo sua divulgação facilitada com a produção de cana-de-açúcar.  Em Angra do Heroísmo – ilhaTerceira, Açores – o alfenim constitui atualmente uma das especialidades locais. Desarraigado da sua origem, o alfenim esqueceu o espírito antizoomórfica da arte árabe, e a branca massa de açúcar, dar-se lugar a lindas esculturas de animais, flores ou frutos – moduladas por mulheres de mãos habilidosamente autodidatas – oferecidas a pessoas distintas como oferta de luxo.          
Dantas (2008) o alfenim é um doce de açúcar branco, verdadeiras esculturas com motivos regionais decorados com anilina, acepipes dulcíssimos e saboreados por todos. A autora destaca o alfenim como um doce esporádico e complementa dizendo que são encontrados em alguns engenhos no Oeste potiguar. O alfenim é um doce que chama atenção não só por seu sabor, como também de como ele é feitos em formas de esculturas. Eles são manipulados e transformados em animais, flores e objetos. O alfenim é um doce curioso na história da alimentação, Cascudo (1983) um donatário da ilha da madeira enviou a Roma, oferta humilde ao Sumo Pontífice, o Sacro Palácio construído de alfenim com todos os Cardeais de alfenim.

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Receita de Alfenim.
(FERNANDES, Viagem Gastronômica Através do Brasil, 2000)
Ingredientes:
½ kg de açúcar refinado;
1 ½ xícara de água
20 gotas de sumo de limão;
Polvilho doce (goma);
1 tesourinha de bico virado (utensílio);
Modo de preparo:
1.    Numa panela pequena junte o açúcar, a água, e as gotas de sumo de limão. Misture bem e leve ao fogo forte. Não mexa mais para não açucarar.
2.    Numa assadeira espalhe uma boa quantidade de polvilho.
3.    Numa panela grande ponha água e bastante gelo.
4.    A calda que está no fogo irá formar uma espuma que subirá até o alto da panela e depois descerá, suavizando a fervura, tornando-se ligeiramente amarelada.
5.    Com uma colher de sopa, inclinada, tire um pouco da calda e deite na água gelada para testar o ponto. Pegue a calda com a mão e amasse. O fio formado deverá “triscar”, ficará quebradiço, estalando quando partido. Isso ocorrerá uns 25 minutos depois de iniciada a fervura da calda que em Goiânia é chamada de melado.
6.    Para esfriar mais rapidamente, divida a calda por 4 vasilhas ou panelas pequenas e deixe descansar uns 25 minutos, até esfriar e secar. Leve novamente ao fogo apenas para se tornar maleável.
7.   Tire a calda de uma das vasilhas e comece a trabalhar puxando a massa com as duas mãos, puxando aquela massa elástica, tornando a juntá-la, afastando novamente, até ficar branca e ainda maleável. Como se estivesse puxando uma massa de bala de coco.
8.    Divida em bolinhas do tamanho de uma noz, deposite as bolinhas sobre a assadeira polvilhada. Comece então a formar as figuras desejadas, recorrendo à tesourinha para ajudar a “esculpir”. Se a massa endurecer demais, umedeça ligeiramente os dedos para que amacie um pouco. Cada vez que apanhar uma nova bolinha, puxe-a novamente até que volte a ficar firme e maleável.
9.    Vá polvilhando as mãos e os dedos à medida que forem ficando melados e difíceis de trabalhar. As caldas que ficam nas outras vasilhas ficam frias e firmes. Junte ½ colher (sopa) de água e leve ao fogo por uns 15 segundos apenas para que se torne maleável.
10. Para pintar os bichinhos use corante alimentício para bolo dissolvido em água adoçada com açúcar cristal para ficar mais firme e não escorrer. Como pincel, utilize um palito.
11. Leve ao sol da manhã para secarem por 2 horas.

5 comentários:

DeMim disse...

Olá, sou artesã alfenim na ilha Terceira, Açores Portugal e adorei conhecer a versão brasileira desta receita.
Pode ver alguns dos meus trabalhos na página
alfenim.no.comunidades.net
Um bem haja!

Anônimo disse...

Amei a postagem! Sabor de infância...

Unknown disse...

Eu quero muito dar continuação a esse doce maravilhoso que fez parte da minha infância já tentei fazer várias vezes mais nunca deu certo mais eu não dexito e eu vou conseguir bjs.

Unknown disse...

Eu quero muito dar continuação a esse doce maravilhoso que fez parte da minha infância já tentei fazer várias vezes mais nunca deu certo mais eu não dexito e eu vou conseguir bjs.

Noticias Ce disse...

Para que serve o limão ?